terça-feira, março 27, 2007

Competitividade Global da Cadeia Têxtil e da Confecção Brasileira

Nas últimas décadas quase 3 bilhões de trabalhadores de China, Índia, Rússia e Europa Oriental entraram na economia global - metade da força de trabalho mundial -, criando um grande choque na oferta de mão-de-obra, provocando um grande impacto no desemprego e nos salários de uma imensa massa de trabalhadores ao redor do mundo. Este processo de globalização está apenas em seu início. Estima-se que a China deverá criar mais de 20 milhões de empregos por ano ao longo da próxima década para absorver uma multidão de pessoas do meio rural, quando ocorrerá a transição dos modelos de economia agrícola para industrial e, finalmente, para um modelo econômico baseado em conhecimento e serviços. Este processo acelerará ainda mais os efeitos nocivos de uma corrida para a redução contínua de custos - e de ganhos - entre países fornecedores. Além de reduzir os níveis de qualidade de vida de trabalhadores, a pressão econômica do modelo asiático de competição elimina empresas e invade mercados. Este cenário ameaça as estruturas socioeconômicas de países cujas políticas industriais não foram suficientemente preparadas para competir na Nova Ordem Global, expondo seus mercados internos e ameaçando setores intensivos em mão-de-obra de desaparecimento. Recente pesquisa da CNI revelou que 75% das empresas têxteis e 66% das de vestuário entrevistadas observaram queda de participação nas vendas para o mercado interno devido à concorrência com produtos chineses. No Brasil, grandes produtores têxteis, grandes varejistas e pequenas e médias empresas de moda e de confecção vêm adotando estratégias isoladas para atuar no mercado global, ou pelo menos para atender os níveis de competitividade desse mercado. Uma nova ordem emerge para a cadeia de valor têxtil e de confecção brasileira. Para garantir a sinergia das diferentes visões de futuro que buscam afirmação nessa nova realidade econômica, empresários, governo e academia podem contribuir efetivamente se atuarem de forma integrada no novo sistema, ordenando e regularizando as relações internas e externas do setor. Com a finalidade de apoiar a cadeia têxtil e de confecção nacional em sua luta pelo enfrentamento dos desafios da globalização, o SENAI-CETIQT e a ABIT estão realizando um projeto com financiamento da FINEP em que os expoentes de toda a cadeia de valor T&C nacional apresentarão suas visões de futuro. Empresários de grandes empresas de todos os elos da produção, grandes varejistas, designers e formadores de opinião estão contribuindo ativamente no projeto, oferecendo seu ponto de vista sobre as principais questões de futuro da cadeia. Além da visão empresarial, o estudo conta ainda com as opiniões de grandes especialistas e de pesquisadores nacionais e internacionais sobre as possibilidades de desenvolvimento de nossa capacidade de competir. Um seminário a ser realizado em maio deste ano na sede da ABIT contará com a participação dos principais órgãos governamentais, empresários e instituições de pesquisa. No evento serão abordadas as principais questões para a competitividade de nossa cadeia, resultando em uma carta de compromissos a serem assumidos para proteger e impulsionar a participação do setor na cadeia global de valor, o que pode representar a geração de renda e de novos e melhores empregos para milhares de brasileiros.

Fonte:www.abit.org.br

terça-feira, março 13, 2007

Relações Públicas e Comunicação Organizacional não serão a mesma coisa?

Flávio Schmidt Conrerp/2ª 1723
Diretor da Divisão Comunicação Organizacional da Ketchum Estratégia Sócio Diretor da ProImagem Consultoria de Comunicação


O que você pensa quando fica sabendo que a população dos Estados Unidos imagina que o Brasil é habitado por índios e cobras ou quando Bill Clinton afirmou ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que gostaria muito de visitar Buenos Aires, referindo-se à capital do Brasil ou, então, quando Bush perguntou ao mesmo Fernando Henrique Cardoso se no Brasil haviam negros?
A ignorância dessa pergunta foi caracterizada, no momento em queCondoleezza Rice, conselheira nacional de segurança, interferiu no diálogo abruptamente informando a sua excelência (dela), que o Brasil era formado essencialmente por negros. Tudo isso será ignorância ou descaso? Para afirmar que Relações Públicas e Comunicação Organizacional são a mesmacoisa é necessário lançar mão de uma analogia com a situação colocada acima. De modo geral, há muitas contradições e equívocos que precisam serexaminados. O maior deles está na forma como se compreendem as habilitaçõese as especialidades ou especializações da comunicação. Muitas vezes apresento críticas às especializações, porque, em geral, sãocolocadas em níveis ou patamares superiores ao que deveriam estar. Isso ocorre porque quem pensa assim não refletiu nem considerou as diferenças entre habilitação e especialidade. Não nos cansamos de ler textos da área decomunicação social e, principalmente, da “comunicação empresarial”, alinhando relações públicas como especialidade, ferramenta ou serviço e acolocando ao lado e no mesmo nível de assessoria de imprensa, comunicação interna, eventos como se fossem coisas diferentes. Relações Públicas não é especialidade, nem ferramenta. É habilitação de área do conhecimento humano e todas essas atividades estão incluídas em seu escopo. Pensar assim é o mesmo que afirmar que deseja visitar Buenos Aires pensando na capital do Brasil. E você não quer cometer o mesmo erro e grosseria de Clinton, não é? É nisto que se encerra o erro. Porque? Quem estudou refletindo sobre o todo, conhecendo e analisando o contexto, sabe que tem muita diferença entre habilitação de área e especialidade. A Comunicação Social, ao lado daEngenharia, do Direito, da Medicina, da Química, entre outras, é uma das áreas do conhecimento humano. Dentro de Comunicação Social temos ashabilitações de Propaganda e Publicidade, Marketing, Jornalismo e Relações Públicas, cada uma com sua especificidade própria, que envolve uma série de áreas de atuação. Assim como a Medicina, que tem especializações em cardiologia, pediatria, geriatria, ginecologia, entre outras; e o Direito com as especializações civis, tributárias e legais, entre outras; Relações Públicas também tem suas especializações como relações com a imprensa (assessoria de imprensa), comunicação interna, relações governamentais, o cerimonial, relações com comunidades, acionistas. Cada uma dessas especialidades tem enfoque emenvolvimento e informação (campanhas e publicações), técnicas de administração de crises e emergências, organização de eventos e protocolo,etc... Não compreender isso é uma falta de visão ou de conhecimento teórico-científico. Significa não ter estudado a matéria, assim como não estudaramgeo-política os presidentes Clinton e Bush. Continuando nas comparações, quais são as especialidades oficiais dojornalismo, da propaganda e do marketing? O Marketing está voltado exclusivamente para as relações de troca, comerciais, promocionais, como investigador do mercado e de suas necessidades, criador de oportunidades para que se desenvolvam as melhores condições e coincidências possíveis para efetivar a ação de compra. A Propaganda e Publicidade trabalham a serviço da organização. Éessencialmente uma comunicação de massa para divulgar produtos, serviços,empresas e organizações. Hoje desenvolveu sofisticado sistema de segmentaçãodirigindo sua linguagem a públicos específicos por audiência. A propagandaampliou sua importância para a Comunicação Organizacional e representa umelemento fundamental para o sucesso empresarial. O jornalismo é uma função externa, não integrante da estrutura organizacional e sem características para a administração da dinâmica da Comunicação Organizacional, embora preste importante serviço para asorganizações. Nestes últimos anos ajustou-se a esse contexto desenvolvendo nova função para o inter-relacionamento entre a empresa e os veículos etornou-se meio para a geração de credibilidade e confiabilidade das empresasatravés das informações produzidas para o público leitor. Do ponto de vista organizacional somente o marketing tem aprofundamento político-administrativo, mas ele visa o processo de troca e não o de imagem
Agora que você sabe a diferença entre habilitação e especialidade, lembre-se que uma organização é um conjunto de áreas - administração, recursos humanos produção, tecnologia, produtos e serviços – todas compostas por pessoas que as tornam reais e concretas e que estão em processo contínuo de relacionamento com o mercado. Pense que todas as definições ou identificações da comunicação empresarial são parciais ou fragmentadas, que nenhuma delas representa o todo conceitual e estratégico da Comunicação. Comunicação corporativa, institucional, assessoria de comunicação, assessoria de imprensa, comunicação interna, endomarketing, comunicação com comunidades, responsabilidade social, comunicação para a cidadania, com o terceiro setor, comunicação com clientes SACs, organização de eventos, publicações empresariais, etc. Reúna todos esses conceitos e definições num único arcabouço. Considere sua somatória epense no conjunto sob o ponto de vista estratégico. Isso é Comunicação Organizacional. Relações Púbicas é a visão global e estratégica desse conjunto e se concretiza com a definição de filosofias e políticas entendidas e praticadas por todos os integrantes dele. Seu objetivo maior é construir e consolidar imagem positiva em torno da organização, que ocorre pela conscientização racional e pela melhoria da qualidade da opinião individual e dos grupos envolvidos com a empresa. Relações Públicas é a verdadeira essência da Comunicação Organizacional. Não vamos tratar a comunicação com ignorância, nem descaso. Vamos abandonar o Círculo Vicioso e retomar o Círculo Virtuoso.
Vamos praticar Relações Públicas nas organizações.