Nas últimas décadas quase 3 bilhões de trabalhadores de China, Índia, Rússia e Europa Oriental entraram na economia global - metade da força de trabalho mundial -, criando um grande choque na oferta de mão-de-obra, provocando um grande impacto no desemprego e nos salários de uma imensa massa de trabalhadores ao redor do mundo. Este processo de globalização está apenas em seu início. Estima-se que a China deverá criar mais de 20 milhões de empregos por ano ao longo da próxima década para absorver uma multidão de pessoas do meio rural, quando ocorrerá a transição dos modelos de economia agrícola para industrial e, finalmente, para um modelo econômico baseado em conhecimento e serviços. Este processo acelerará ainda mais os efeitos nocivos de uma corrida para a redução contínua de custos - e de ganhos - entre países fornecedores. Além de reduzir os níveis de qualidade de vida de trabalhadores, a pressão econômica do modelo asiático de competição elimina empresas e invade mercados. Este cenário ameaça as estruturas socioeconômicas de países cujas políticas industriais não foram suficientemente preparadas para competir na Nova Ordem Global, expondo seus mercados internos e ameaçando setores intensivos em mão-de-obra de desaparecimento. Recente pesquisa da CNI revelou que 75% das empresas têxteis e 66% das de vestuário entrevistadas observaram queda de participação nas vendas para o mercado interno devido à concorrência com produtos chineses. No Brasil, grandes produtores têxteis, grandes varejistas e pequenas e médias empresas de moda e de confecção vêm adotando estratégias isoladas para atuar no mercado global, ou pelo menos para atender os níveis de competitividade desse mercado. Uma nova ordem emerge para a cadeia de valor têxtil e de confecção brasileira. Para garantir a sinergia das diferentes visões de futuro que buscam afirmação nessa nova realidade econômica, empresários, governo e academia podem contribuir efetivamente se atuarem de forma integrada no novo sistema, ordenando e regularizando as relações internas e externas do setor. Com a finalidade de apoiar a cadeia têxtil e de confecção nacional em sua luta pelo enfrentamento dos desafios da globalização, o SENAI-CETIQT e a ABIT estão realizando um projeto com financiamento da FINEP em que os expoentes de toda a cadeia de valor T&C nacional apresentarão suas visões de futuro. Empresários de grandes empresas de todos os elos da produção, grandes varejistas, designers e formadores de opinião estão contribuindo ativamente no projeto, oferecendo seu ponto de vista sobre as principais questões de futuro da cadeia. Além da visão empresarial, o estudo conta ainda com as opiniões de grandes especialistas e de pesquisadores nacionais e internacionais sobre as possibilidades de desenvolvimento de nossa capacidade de competir. Um seminário a ser realizado em maio deste ano na sede da ABIT contará com a participação dos principais órgãos governamentais, empresários e instituições de pesquisa. No evento serão abordadas as principais questões para a competitividade de nossa cadeia, resultando em uma carta de compromissos a serem assumidos para proteger e impulsionar a participação do setor na cadeia global de valor, o que pode representar a geração de renda e de novos e melhores empregos para milhares de brasileiros.
Fonte:www.abit.org.br